Vanilla Giirlls
Era fim de julho. Noite fria, vento forte. Poderia se ouvir o barulho das folhas descendo pela rua deserta e escura. Ela estava sentada na varanda, como de costume, sozinha. A cadeira de balanço trazia lembranças. Aquela menina indefesa balançada por sua mãe e protegida de todo mal, havia crescido. Ela sabe, as pessoas abandonam. Talvez por opção, ou acasos da vida. Mas sabe, abandonam. Ela desejava que chovesse, ou melhor, caísse um temporal. Porque de alguma maneira queria sentir que não era a única a desabar. Então choveu. Choveu dentre seus olhos. Lágrimas carregadas das mais profundas emoções, do seu mais intenso desespero. Seu coração apertado agora cedia, depois de tanto que ela o sufocou com seus sentimentos. Nada mais importava ali, eram só ela e as lágrimas que brotavam cada vez mais de seus olhos. Famílias alegres jantavam, casais apaixonados se esquentavam, amigos se animavam, e ela ali, sozinha, tendo como companhia apenas a escuridão gélida da noite. O corpo todo tremia, o coração batia tão forte, tão acelerado, que parecia que iria sair do peito a qualquer momento. E era isso que ela queria. Que ele saísse do peito e fosse para bem longe, de tal forma que não encontrasse o caminho de volta. Depois de muito chorar, levantou a cabeça, olhou pro céu, respirou fundo, enxugou as lágrimas. Abraçou os joelhos, aceitando a condição que os outros - e agora ela mesma - a impunha: seria sozinha, contaria apenas com as estrelas e com a lua, que, silenciosas, assistiram seu pranto e a morte de seu frágil coração.
ameniza-te e se-renissima

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